quarta-feira, 26 de junho de 2013

8 cuidados com o óleo da moto

A primeira surpresa quando se fala em óleo é descobrir que a maioria dos motociclistas ainda confunde períodos de troca e até se esquecem que o óleo é consumido pelo motor e precisa ser reposto. A primeira confusão que se faz é causada por uma má interpretação no manual do proprietário. Tudo por causa do período de amaciamento do motor. 


Todo motor quando é zero km precisa passar por um período de amaciamento. Alguns componentes precisam “casar” com outras peças móveis e nesse processo pode liberar pequenos pedaços de limalhas de metal. Hoje em dia, com materiais mais avançados e folgas mais justas, esse período de amaciamento é geralmente de 500 km. 

Basta o motociclista respeitar um limite de rotação mais baixo nesse período e a chance de durabilidade será maior. Por questão de segurança, a maioria dos fabricantes recomenda que esse período seja de 1.000 km, que coincide com a primeira revisão e troca de óleo. Mas esta distância é só para a primeira troca, porque nas demais os períodos são mais elásticos. E aqui reside o primeiro erro, ao considerar como período de troca os 1.000 km da primeira revisão. Aí o motociclista passa o resto da vida trocando óleo a cada 1.000 km! 



Veja a seguir os procedimentos mais comuns e erros cometidos.

1) Período da troca – A primeira troca deve ser sim aos 1.000 km, quando a moto foi comprada zero km. As demais são de acordo com o Manual do Fabricante. Se a moto for usada severamente (trânsito pesado, estradas de terra, alta velocidade) pode-se reduzir o período em 20 a 25%. Se a troca for a cada 5.000 km, por exemplo, pode-se trocar com 3.700 a 4.000 km que já preserva bem o motor. Mais que isso é jogar óleo fora. Hoje existe uma mania geral entre motociclistas em trocar na metade do período, alegando que “é mais barato que um motor novo”. Geralmente são as mesmas pessoas que têm preocupações ecológicas como reciclar tampinha de garrafa, mas desperdiçam petróleo e causam um problema a mais que é a reutilização do lubrificante. Respeitar corretamente os períodos de troca é uma preocupação ambiental importante. 

2) Especificação – Ainda existe gente que considera a moto como um carro de duas rodas. O sistema de embreagem de carros e motos é diferente e exigem óleos de motor diferentes. Não se usa óleo de carro em moto e vice-versa. Especialmente os sintéticos. Até pouco tempo atrás não havia óleo sintético para motos e alguns motociclistas usavam óleo de carro! Hoje já temos no mercado um óleo sintético específico para motos. E cuidado com a conversa dos frentistas de postos de gasolina: o fato de ser sintético não significa que pode prolongar o período de troca, deve-se manter a mesma orientação do fabricante da moto. 



3) Viscosidade – Sabe aquela mania de pingar o óleo no dedão e testar a “viscosidade”? Esquece, porque isso é uma grande besteira. O conceito de viscosidade é muito mais complexo do que isso e nada tem a ver com óleo “fino” ou “grosso”. A viscosidade de um óleo é determinada pelo que os técnicos chamam de “tempo de enchimento”. Ela exprime a velocidade de fluidez de um lubrificante e é mensurável em laboratório. Imagine que o motor foi desligado à noite e a moto ficará descansando até o dia seguinte. Após desligar, o óleo quente escorre para o depósito, chamado cárter e ficará lá até o motor ser ligado novamente. Na manhã seguinte, ao dar a partida, a bomba de óleo irá mandar o lubrificante para todos os componentes internos por meio de canais. O tempo que o óleo demora para atingir as peças é que determina a viscosidade. Os óleos sintéticos percorrem esse caminho mais rápido quando ainda estão frios do que os de origem mineral. Aquela sensação de óleo mais aguado ou pegajoso nada tem a ver com viscosidade. A capacidade de lubrificação é chamada de lubricidade e tem outra forma de medição. 

4) Óleo fino ou grosso – Muita confusão se faz com especificação do óleo descrita nas embalagens. A maior delas é o dado alfanumérico que aparece como 10W-40, por exemplo. Essa medida nada tem a ver com a capacidade de lubrificação e muito menos com viscosidade. É um indicativo de temperatura ambiente! Isso mesmo, o W vem da palavra Winter (inverno, em inglês) que revela a menor temperatura ambiente indicada para aquele lubrificante. O primeiro número é a temperatura em 0C mais baixa, seguido do W e depois de outro número maior que é a temperatura máxima. Por exemplo, um óleo 15W-50 é indicado para veículos que circulam em locais com temperaturas médias de 15 a 50 0C, ou seja, bem quente. Já um óleo de especificação 5W-40 é indicado para regiões mais frias. 



5) Descarbonização – Uma verdadeira aberração em termos de mecânica! Alguns mecânicos mal informados aconselham “descarbonizar” o motor a cada troca de óleo. Consiste em esvaziar o cárter, encher de querosene ou outro solvente, ligar o motor por alguns minutos e depois esvaziar para “limpar” o resto de óleo queimado. O solvente em contato com os anéis de vedação ataca a borracha e provoca vazamentos internos no motor. Esse tipo de vazamento é percebido quando o motociclista aciona o motor pela manhã e sai uma fumaça azul pelo escapamento e pelo consumo exagerado de óleo do motor. Ao trocar o óleo não se preocupe com essa prometida limpeza porque aquela sobra de óleo velho já estava prevista pelo fabricante da moto. 

6) Filtros – A cada duas trocas de óleo é recomendável trocar o filtro de óleo (ou limpar, se for de metal). Ou quando mudar a especificação de óleo mineral para sintético ou semi-sintético. Nesse caso é importante trocar o filtro independentemente de período da troca anterior. Lembre que ao trocar o filtro a quantidade de óleo para repor será maior! 

7) Aditivos de óleo – Em motos não é recomendável porque a embreagem é mergulhada no óleo e estes aditivos podem reduzir o atrito dos discos de embreagem. Embreagem é que nem sogra: gosta de atrito! 



8) Sumiço do óleo – Pouca gente sabe, mas existem motores que consome mais óleo do que outros. Especialmente os motores arrefecidos a ar (sem radiador) tendem a consumir óleo, porque trabalham em altas temperaturas e o óleo literalmente evapora pelos respiros. Por isso é importante observar o nível a cada 1.000 km. E não se assuste, porque alguns motores, em condições severas, consomem até 30% de óleo a cada 1.000 km.

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